sexta-feira, 10 de junho de 2011

Carta Aberta de Uma Servidora do Serviço Médico - Junte-se a Nós

Trascrevo aqui uma carta aberta de uma servidora do serviço médico do MPF.


Caros colegas,

Meu nome é Flávia, entrei no primeiro concurso e sou responsável pelas perícias odontológicas junto ao PlanAssiste. Em primeiro lugar quero pedir desculpas pelo transtorno causado pela desmarcação das consultas. Mas esclareço que os casos de emergência serão atendidos no Serviço Médico e que, pelo PlanAssiste, os atendimentos de urgência não precisam de perícia inicial. Assim que a situação se normalizar faremos encaixes e restabeleceremos a rotina.


Peço, a cada um de vocês, dois minutinhos para refletir sobre pelo que estamos lutando. Que tirem os olhos do computador e olhem em volta. Isso pode determinar a qualidade dos seus próximos anos.

Eu estou aqui apenas compartilhando meus pensamentos.

Eu achava que não aderia à Greve porque não precisava tanto assim do aumento, ou por receio de perder minha função. Contudo, percebi que não aderia porque não tinha a mínima noção do coletivo. Estava tão absorvida em meus problemas particulares que não via que a luta que se travava por apitos no gramado da PGR era também a minha!

Foi o exemplo incansável dos nossos colegas que me fez parar para pensar no que estava acontecendo e em qual era o meu papel nisso tudo. Quando eu me peguei entrando pelo bloco "B" de cabeça baixa, envergonhada por deixar que meus anônimos colegas (porque até então não os conhecia) lutassem pelos meus interesses, decobri que passava da hora de romper com minha inércia natural.

Então, percebi que a Casa em que eu trabalho há quase 17 anos não é mais o lugar em que eu me sentia valorizada e respeitada. Percebi que o oruglho que eu tinha de trabalhar na PGR está escorrendo pelo ralo... na mesma proporção em que aumenta o desinteresse do Procurador Geral por seus servidores e amplia a intransigência para com os que tentam ser ouvidos!

Se eu dissesse que não tive medo, estaria mentindo. Mas medo de que? Este medo é real? Ou abstrato? Talvez um resquício fantasioso da criança assutada que mora dentro de mim? O fato é que, quando questionei meu medo, ele se enfraqueceu e eu me fortaleci, a ponto de estar aqui me expondo dessa forma.

Quanto aos riscos... Ah... esses são inevitáveis. E talvez até mesmo algumas perdas o sejam. Mas se tivermos em mente os ganhos pelos quais lutamos, nos tornamos capazes de correr os riscos. Viver é arriscasdo, não?

Houve também a questão ética que tive que enfrentar. Como interromper um atendimento de saúde? Como deixar de atender aos meus colegas e a seus familiares? Isso me consumiu bastante até que percebi que na verdade essa era a grande desculpa atrás da qual eu me escondia e, assim, me eximia de me responsabilizar com o coletivo e com meu próprio futuro (Também entendi que os casos emergenciais não ficariam sem atendimento). Me dei conta disso quando soube que o "Pagamento" havia parado. No primeiro momento, confesso que entrei em pânico!! Minhas contas são feitas na ponta do lápis e a perspectiva de ficar sem receber, com dois filhos para criar, foi desesperadora! Mas em seguida, algo dentro de mim aconteceu e fui invadida por um sentimento de orgulho. Orgulho de ter colegas corajosos e com uma visão ampla de que para vencermos uma guerra, é inevitável uma cota de sacrifício individual!!

Me parece importante mencionar o contexto nacional em que nos encontramos. O Brasil vai sediar Copa e Olimpíadas. Os gigantes investimentos necessários à concretização desses eventos terão de sair de algum lugar... Já existe um projeto de lei, que conta com o apoio do Executivo, para congelar o salário dos servidores por dez anos!! DEZ ANOS!! (que, obviamente, podem virar mais dez.) Imaginem se ficarmos congelados com o que temos hoje!!!

Bem, na luta por nossos interesses o outro lado vai resistir como pode. Ameaças veladas, assédio moral, coerção física, intransigência, reforço policial intimidatório, restrição do acesso à PGR, e até a demora em nos receber. Tudo isso, e muito mais, faz parte da estratégia para enfraquecer nossa mobilização.

Uma mobilização que vem crescendo a olhos vistos e tem sido exemplar! Pacífica! E é assim que deve continuar. Estamos em um cabo de guerra! Mas só venceremos se cada um de nós perceber como sua adesão é fundamental para a nossa vitória! Infelizmente não basta simpatizar e apoiar. Convido-os a aderir e a resistir à pressão juntos. Barulho chama atenção, mas precisamos incomodar. Não adianta alguns pararem se outros fazem seu trabalho.

Quantos mais de nós pararmos, menos retaliação pode ocorrer e mais rapidamente a greve pode ter fim. Todos podemos parar. Todos.

Aproveito para agradecer a cada um dos que, superando seus receios, e arriscando seus interesses particulares, se junta a nós a cada momento! Tenho muito orgulho de ser colega de vocês e de estarmos construindo juntos um futuro melhor! Aos que tomaram a frente de nossa luta desde o começo, só posso dizer que é um privilégio tê-los como colegas! Muito obrigada!

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